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segunda-feira, 14 de agosto de 2023
FLOR DO CASCALHO - APOLÔNIO CARDOSO
FLOR DO CASCALHO
APOLÔNIO CARDOSO
Eu passando um certo dia
No pé de uma Serrania
Numa manhã sem orvalho
Vi uma flor desconhecida
Que era como a flor da vida
Rosa branca ou Margarida
A chamei Flor do Cascalho.
Fiquei olhando pra ela
Sentindo a solidão dela
Como se fosse um alguém
Porque a flor sem orvalho
Que nasce dentre o Cascalho
Se balançando em seu galho
Sente saudades também.
A saudade do meu bem
É como a da flor também
Que a ventania assanha
É como a Rosa da vida
Rosa branca ou Margarida
Que Deus criou esquecida
Nos cascalhos da montanha.
A cabocla desprezada
É a Rosa abandonada
Distante da humanidade
Flor branca misteriosa
Nasce com a sorte da Rosa
Vive, IMURCHESSE e não goza
Nos cascalhos da Saudade.
O poeta Peregrino
Que vaga sem ter destino
Conhece o que a vida tem
Ver flores em seu Nascente
Ver Espinho em seu Poente
Porque a sorte da gente
É um cascalho também.
Eu olhei pra teus olhinhos
Vi neles Dois Passarinhos
Por entre a floresta calma
Cantando a voz de um poema
Como se fosse um dilema
Das canções de Iracema
Nos cascalhos da minha alma.
Meu Adeus flor esquecida
Eu vou em busca da vida
Que ela foge de mim
Um dia tu morrerás...
Eu perderei minha paz
Não te verei nunca mais
Ambos nós teremos fim.
Quando Caíres da rama
Eu perder a minha fama
Fugir minha Mocidade
Me cobrirei de delírios
Tu não verás novos Lírios
Cantarei os teus Martírios
Na voz da minha saudade.
Fique aí Flor do Cascalho
Se balançando em teu galho
Beijando a brisa do além
Não temos gosto um segundo
Nosso sofrer é profundo
Que Talvez o outro mundo
Seja um cascalho também.
Não temos gosto um segundo
Nosso sofrer é profundo
Que Talvez o outro mundo
Seja um cascalho também.
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APOLÔNIO CARDOSO
Apolônio Cardoso (Campina Grande, 14 de dezembro de 1938 – Campina Grande, 22 de dezembro de 2014) advogado, poeta, repentista. Considerado um dos mais significativos e importantes da poética da região nordeste.
HISTÓRIA
Muito pobre iniciou a vida ainda menino como engraxate. Aprendeu a poesia ouvindo grandes mestres como: José Gonçalves, José Antônio Barbosa e Patativa do Assaré, enquanto lhes engraxava os sapatos. Aos 18 anos mudou-se para Mossoró, em busca de oportunidade como violeiro e repentista. Passou a tocar em bares e na rádio Difusora de Mossoró.
Retornou a Campina Grande para concluir os estudos. Formou-se em 1974, em Direito pela antiga Fundação Universidade Região Nordeste - FURNE, hoje Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Como advogado, tornou-se um tribuno de grande verve, chegando muitas vezes a fazer suas sustentações orais em versos.
Foi vereador e professor de História em importantes colégios em Campina Grande. Bem como, articulista de jornais e apresentador de rádio, tratando do folclore nordestino. Apesar destes inúmeros trabalhos jamais deixou a poesia e o repente.
Criou e organizou o Primeiro Congresso Nacional de Violeiros, realizado em Campina Grande em 1974, no Teatro Municipal Severino Cabral. Este evento e os outros que se seguiram, trouxe visibilidade aos violeiros e repentistas, o que ajudou imensamente ao reconhecimento destes personagens como figuras importantes da cultura popular nordestina.
Apolônio Cardoso é autor de vários poemas e canções muito conhecidas pelo povo, como Flor do Mocambo e Flor do Cascalho. Essa última, inclusive, foi música tema do filme Romance (2008), do premiado cineasta Guel Arraes e teve direção musical de Caetano Veloso.
Por quase sempre tratar de flores em seus poemas, Apolônio Cardoso é conhecido como o “poeta das flores”.
Pai de Cardoso Silva radialista de Caicó/RN.
domingo, 13 de agosto de 2023
quinta-feira, 27 de julho de 2023
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