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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Da Exclusão à Sensibilização: Uma Roda de Conversa sobre Inclusão

 Ontem, dia 26 de agosto de 2025, foi um dia muito especial. Tive a oportunidade de ministrar uma roda de conversa na Escola Estadual Zuza Januário, vinculada à @10direccaico. O convite foi feito pelas professoras e amigas Adalgisa, do @seboosertao, e Andrea, a quem deixo meus sinceros agradecimentos.





Essa conversa fez parte do Projeto Pedagógico "Diversidade e Inclusão na Escola e na Sociedade", e o tema que dialogamos foi "Inclusão de Pessoas com Deficiência: Desafios e Superações". Compartilhei minhas vivências e dificuldades como um filho de agricultores com deficiência que precisava estudar. Naquela época, ainda no final do regime militar, a exclusão de pessoas com deficiência na escola era algo bem estigmatizado.

Relatei todo esse desafio e a importância de um suporte familiar, mesmo que simples. Meus pais, junto com meus avós, que moravam no Bairro Paraíba, em Caicó, foram essenciais. Foi lá que conheci, pela primeira vez, um cordel e o livro "Caminho Suave", que foi a base da minha alfabetização familiar. Nessa jornada, o papel da minha mãe como minha primeira professora foi fundamental. Ela me mostrou o contexto cultural, envolvendo cordel, cantoria pelo rádio e leitura, através de suas ações.

Também abordei como cheguei a produzir e criar poesias de cordel, a trabalhar como professor, e a questão de estar desempregado aos 51 anos. Por fim, destaquei a exclusão nos dias atuais, o aumento do preconceito e o papel das cotas, tanto o lado bom quanto o ruim. A turma foi maravilhosa e fez perguntas bem interessantes.

Esse tipo de atitude dos educadores deveria fazer parte da realidade de todos os alunos. Convidar quem vive o cotidiano da exclusão sensibiliza um grande número de pessoas que, no futuro, pensarão mais sobre o assunto. Essa é a maneira de termos governantes e pessoas mais proativas. Deixo meu recado para as escolas públicas e privadas de Caicó: convidem pessoas com deficiência para suas salas. Escutem o que elas têm a dizer. A juventude quer saber, perguntar, e é altamente sensível. Infelizmente, parece que, para algumas instituições, cumprir uma carga horária e terminar um livro pedagógico têm mais importância.

OUTRAS IMAGENS DO EVENTO


















segunda-feira, 14 de agosto de 2023

FLOR DO CASCALHO - APOLÔNIO CARDOSO

FLOR DO CASCALHO APOLÔNIO CARDOSO Eu passando um certo dia No pé de uma Serrania Numa manhã sem orvalho Vi uma flor desconhecida Que era como a flor da vida Rosa branca ou Margarida A chamei Flor do Cascalho. Fiquei olhando pra ela Sentindo a solidão dela Como se fosse um alguém Porque a flor sem orvalho Que nasce dentre o Cascalho Se balançando em seu galho Sente saudades também. A saudade do meu bem É como a da flor também Que a ventania assanha É como a Rosa da vida Rosa branca ou Margarida Que Deus criou esquecida Nos cascalhos da montanha. A cabocla desprezada É a Rosa abandonada Distante da humanidade Flor branca misteriosa Nasce com a sorte da Rosa Vive, IMURCHESSE e não goza Nos cascalhos da Saudade. O poeta Peregrino Que vaga sem ter destino Conhece o que a vida tem Ver flores em seu Nascente Ver Espinho em seu Poente Porque a sorte da gente É um cascalho também. Eu olhei pra teus olhinhos Vi neles Dois Passarinhos Por entre a floresta calma Cantando a voz de um poema Como se fosse um dilema Das canções de Iracema Nos cascalhos da minha alma. Meu Adeus flor esquecida Eu vou em busca da vida Que ela foge de mim Um dia tu morrerás... Eu perderei minha paz Não te verei nunca mais Ambos nós teremos fim. Quando Caíres da rama Eu perder a minha fama Fugir minha Mocidade Me cobrirei de delírios Tu não verás novos Lírios Cantarei os teus Martírios Na voz da minha saudade. Fique aí Flor do Cascalho Se balançando em teu galho Beijando a brisa do além Não temos gosto um segundo Nosso sofrer é profundo Que Talvez o outro mundo Seja um cascalho também. Não temos gosto um segundo Nosso sofrer é profundo Que Talvez o outro mundo Seja um cascalho também. ============================ APOLÔNIO CARDOSO Apolônio Cardoso (Campina Grande, 14 de dezembro de 1938 – Campina Grande, 22 de dezembro de 2014) advogado, poeta, repentista. Considerado um dos mais significativos e importantes da poética da região nordeste. HISTÓRIA Muito pobre iniciou a vida ainda menino como engraxate. Aprendeu a poesia ouvindo grandes mestres como: José Gonçalves, José Antônio Barbosa e Patativa do Assaré, enquanto lhes engraxava os sapatos. Aos 18 anos mudou-se para Mossoró, em busca de oportunidade como violeiro e repentista. Passou a tocar em bares e na rádio Difusora de Mossoró. Retornou a Campina Grande para concluir os estudos. Formou-se em 1974, em Direito pela antiga Fundação Universidade Região Nordeste - FURNE, hoje Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Como advogado, tornou-se um tribuno de grande verve, chegando muitas vezes a fazer suas sustentações orais em versos. Foi vereador e professor de História em importantes colégios em Campina Grande. Bem como, articulista de jornais e apresentador de rádio, tratando do folclore nordestino. Apesar destes inúmeros trabalhos jamais deixou a poesia e o repente. Criou e organizou o Primeiro Congresso Nacional de Violeiros, realizado em Campina Grande em 1974, no Teatro Municipal Severino Cabral. Este evento e os outros que se seguiram, trouxe visibilidade aos violeiros e repentistas, o que ajudou imensamente ao reconhecimento destes personagens como figuras importantes da cultura popular nordestina. Apolônio Cardoso é autor de vários poemas e canções muito conhecidas pelo povo, como Flor do Mocambo e Flor do Cascalho. Essa última, inclusive, foi música tema do filme Romance (2008), do premiado cineasta Guel Arraes e teve direção musical de Caetano Veloso. Por quase sempre tratar de flores em seus poemas, Apolônio Cardoso é conhecido como o “poeta das flores”.
Pai de Cardoso Silva radialista de Caicó/RN.